Mãe, quero ser irmão!
- Maycon Ferreira Martins
- 30 de abr. de 2016
- 3 min de leitura

É muito difícil ouvir de um jovem que deseja entrar para um seminário a frase: “mãe, quero ser irmão”, em contrapartida, “mãe quero ser padre” é mais comum. Quando tomei a decisão de ser um irmão leigo consagrado Redentorista, ao comunicar a minha família, me perguntaram: Mas o que é ser irmão? Então, a partir daí, tive que explicar a diferença entre um padre e um irmão em relação à função de cada um dentro da Igreja.
A maior dificuldade que encontro diz respeito em desassociar a referência simbólica das pessoas, isto é, elas sabem o que é um padre, porém se trata de um saber não-sabendo. Por que digo isso? Quando um jovem diz que quer ser padre, muitos vão logo dizendo: “ah! Você vai ser padre igual o padre fulano?” E ainda, as pessoas associam o padre àquele que veste uma túnica branca e fica lá na igreja pregando o sermão para o povo. Entretanto, se perguntarmos sobre o sentido teológico de ser padre, muitos não saberão responder! Seria tão mais interessante se as pessoas associassem à figura do padre aquilo que este representa de fato, a saber: aquele que consagra a sua vida a serviço da comunidade, para serem autênticos pastores a exemplo de Cristo.
No entanto, quando se trata do irmão religioso, não encontramos essa dificuldade de compreensão e associação como no caso dos padres. Quando digo que quero ser irmão, às pessoas que não vivem em nosso meio, não possuem essa referência ou associação em relação ao padre. O que é muito bom, pois assim posso explicar concretamente e corretamente o que é ser irmão, e com isso, possibilitar que as pessoas descubram a riqueza desta vocação para a vida da Igreja.
Por questões históricas e principalmente após o Concilio Vaticano II, vem ocorrendo pelo mundo afora uma drástica redução no número de irmãos leigos consagrados. O recolhimento nos conventos e a dedicação aos trabalhos práticos nas casas religiosas faziam com que os irmãos não tivessem visibilidade na sociedade. É importante ressaltar que antes do Concilio Vaticano II, não era permitido que pessoas que não fossem padres ou irmãos trabalhassem dentro dos conventos. Desta maneira, enquanto os padres iam pregar as Santas Missões, os irmãos cuidavam do cotidiano dos conventos.
A partir desses dados, podemos entender melhor o fato de as pessoas não terem essa referência quando se trata do religioso consagrado leigo, porém, o irmão sempre esteve presente na vida eclesial, e hoje, mais do que nunca, tem a incumbência de resgatar o valor evangélico e fraterno da vida religiosa. Como diz Feitosa (2008, p.281):
Se o sacerdócio participa da ação medianeira de Cristo, deve-se dizer que nessa comunidade apostólica o irmão leigo exerce em plenitude seu sacerdócio batismal. É ele, com efeito, o mediador ideal entre o mundo, no qual está naturalmente entrosado pelo seu ofício e trabalho, e a Igreja hierárquica, representada em seus co-irmãos padres.
Por último, muito mais importante do que estas distinções entre os serviços ministeriais e laicais, escolhemos abraçar a vocação à vida Religiosa na Congregação do Santíssimo Redentor (Missionários Redentoristas). Tanto os padres quanto os irmãos comungam do mesmo ideal missionário evangelizador de nosso fundador Santo Afonso Maria de Ligório. Sendo assim, antes de sermos padres ou irmãos somos Redentoristas, e o mesmo se aplica aos leigos que compartilham do nosso carisma.
Desta forma ouviremos dizer: “Mãe, quero ser Redentorista”!
Bibliografia:
FEITOSA, Angelino Caio. Papel do irmão leigo na Igreja de hoje. Convergência, Rio de Janeiro: CRB, v.6, n. 59, p. 279-282, maio 1960.
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