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Vida Religiosa: chamado e profecia

  • Felipe Rodrigo dos Santos
  • 1 de mai. de 2016
  • 5 min de leitura


Deus, esse SER transcendente que, por sua vontade e infinito amor criou o homem e deste, “todo o gênero humano para habitar sobre a superfície da terra, fixando assim, períodos e limites da sua habitação, para que ele O procurasse e se esforçasse realmente por O atingir e O encontrar”¹. Tendo esse, o único objetivo de Deus ao criar o homem, Ele no decorrer da história chamou e ainda chama homens e mulheres para que, o seguindo fielmente nesta vida sejam audaciosas testemunhas e sinal de profecia neste mundo que, por muitas das vezes O esqueceu devido as ignorâncias, indiferenças religiosas, pelos maus exemplos dos crentes e até mesmo de correntes de pensamentos hostis que vão contra a seus ensinamentos e a doutrina da Igreja.

No decorrer da história da salvação, desde os primórdios como nos ratifica o antigo e o novo testamento, Deus sempre chamou e convocou homens e mulheres para que, O conhecendo e experimentado-o, fosse O teu sinal aqui na terra. Tal chamado, percebemos claramente nas vocações dos profetas onde que, Ele os chama e em consequência os convoca para uma missão. Essa missão que pela qual os profetas são convocados é nada mais que, o anuncio de seu infinito amor para com aqueles que o louvam e bendizem. Outra consequência do chamado é o testemunho dos convocados, uma vez que, para se anunciar o verdadeiro amor do Pai para com a humanidade, é necessário que o profeta viva de modo intenso a proposta do reino.

É de grande valia observar que, Deus não escolheu os melhores para serem o seu anunciador mas, capacitou os incapacitados nos mostrando que, o projeto do anúncio que culmina na salvação, não é concedido à alguns mas, a todos aqueles que, por uma livre escolha deseja viver de maneira substancial o seu projeto. Assim nos ensina o magistério da Igreja Católica no CIC que, ” Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a retidão da sua vontade, «um coração reto», e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus.”² Nessa perspectiva do chamado de Deus para com o homem, percebe-se uma relação entre Deus e o homem. Assim, pode-se realizar uma antropologia acerca dessa relação, uma vez que, o homem esse ser racional que pensa e age segundo a sua capacidade cognoscitiva, tende a Deus. Esse tender, engloba toda experiência, vida, agir e modo de ser que o conduz a esse transcendente, e a isso chamamos de teleologia, ou seja, o homem nasce por vontade de Deus, cresce, habita nesse mundo e aqui todas suas ações são voltadas a Ele, e no final da vida retorna novamente para Deus. Aqui, nessa dinâmica do viver do homem, se é percebida uma relação circular ou um sistema antropológico Divino onde que, tudo se inicia em Deus e se finda também n´Ele. Assim, temos uma teleologia antropológica onde que, tudo se converte à aquele que nos criou e nos amou por primeiro.

Dessa teleologia antropológica infere-se que, o homem possui consciência de Deus, e a religião é o meio pela qual ele experimenta esse ser transcendente. Assim, por meio do aspecto religioso, o homem possui uma consciência religiosa que primeiro é uma consciência de si, ou seja, ele sabe quem ele é e do que precisa, e em consequência dessa consciência ele adquire uma outra que a denominamos para si. Essa consciência para si, é a que possibilita a faculdade de, o homem saber em seu consciente que ele necessita de Deus. Portanto, é uma consciência para Deus que, volta o pensamento e as atitudes do homem para Ele.

Dessarte, percebemos um homo religiosus que possui em sua natureza, o tender a Deus, ou seja, por natureza o homem é religioso e assim, como nos explicitou acima o CIC, o homem procura e se esforça realmente por atingir e encontrar a Deus que nos é mostrado na beleza e na contingência desse mundo por ele criado. Tal aspecto do homo religiosus é bem claro na figura dos profetas, uma vez que, eles escutando o chamado de Deus, sentem-se sedentos por Ele e para se saciarem, eles dedicaram sua vida por meio de ações e palavras, somente para anuncia-lo e fazer a sua vontade.

E hoje, em um mundo pós-moderno onde que, as estruturas solidificadas de um ethos, ou seja, aquela estrutura de hábitos ou de crenças que define uma comunidade ou nação se tornam liquidas, Deus ainda continua chamando e convocado pessoas para o seguirem de maneira radical por meio da vida religiosa consagrada. O Senhor convoca homens e mulheres independentemente de raça, cor, gênero, cultura e aspecto social para que, indo contra a corrente hedonista, individualista, capitalista, do provisório e do relativo para que sejam sinais e testemunhas do evangelho e do amor misericordioso do Pai.

O religioso portanto, é convocado por meio de sua livre decisão de ser uma luz em meio a escuridão e de todas as circunstâncias que afastam o povo do projeto salvifico de Deus. Assim, o consagrado é exortado a ser sal da terra e luz para o mundo (Mt 5, 13-16). Sal para dar sabor ao que está insosso, principalmente à aqueles em que estão em uma profunda aridez espiritual. E luz, para os que perderam a esperança e que não creem mais no amor e na misericórdia de Deus.

A vida religiosa é portanto “enquanto consagração da pessoa toda, uma manifestação na Igreja, um admirável consórcio estabelecido por Deus, sinal da vida futura. Deste modo o religioso consuma a sua doação plena como sacrifício oferecido a Deus, pelo qual toda a sua existência se torna contínuo culto de Deus na caridade.”³. Dessarte, o consagrado é um profeta, aquele que possui como objetivo o anúncio dos desígnios de Deus.

Portanto, o religioso consagrado, esse homo religiosus que, em sua natureza está a inclinação de servir e anunciar a Deus, deve ter como meta e convicção o amor para com o próximo, a caridade fraterna, o desapego das coisas terrenas e a humildade de se reconhecer que é uma pessoa frágil e incapacitada mas que, pela bondade e pelo amor de Deus, pode realizar grandes coisas tendo em vista o bem ao próximo e a Igreja. E assim, concluí que a vocação religiosa se faz na busca cotidiana e na experiência da dor e da paciência que pela qual, Cristo se faz presente. E a vocação somente será plena, quando que no fim da vida, o religioso poder dizer como disse São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”. (2Tm 4, 7)” Que nós religiosos que somos convocados a ser profetas a sermos a presença de Cristo aqui neste mundo, possamos experimenta-lo na contingência e na beleza do mundo pois, este é o caminho para se conhecer a Deus.


Felipe Rodrigo dos Santos, noviço redentorista da Província de Goiás

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